quarta-feira, julho 25, 2012

tiquinho



Nada. Eu deixei de dizer o que era importante. Torno a dizer: NADA
NADA, nada em vão abala meu peito. Não tenho mais as firmezas que tive um dia é porque as usei todas em nossa conversas. Aquele colágeno de minha cara em gargalhadas escandalosas, choros compulsivos, caretas desnecessárias e toda e qualquer expressão de mim que escorria pelo meu rosto. Gastei, vivi com você horas mágicas  com gosto!  Gastei sem economia.
Se meus joelhos tremem é de nervoso em te ver de perto, se materializando, mesmo eu tendo  dançado. Ou corrido pra longe quando tive a maior agonia em ficar. Caí e me  levanto todos os dias. Minha virge, Nossa senhora, meu padinhopadêciço esse joelho aqui já correu uma vida. Hoje range quando desço as escadas do sobrado amarelo, que escuto tudo...
Meu coração, ah como ele ainda treme também. E eu me lembro dele totalmente jovem e firme, todo durinho nas suas certezas de coração menino, que se viu sem certeza nenhuma quando ela se foi, no apagar da vida e eu fiquei sem rumo. Se quebrou todinho a cada despedida, a cada pranto. Mais de uma vez, coitado, ficou todo fudido tantas vezes, remendado, colado ora com fita crepe ora com superbonder,  para não falar da cola de goma arábica... todo caqueladinho. O serviço do enmendo, me deixou com o peito todo desalinhado, pingando óleo, duas pinturas até. Perdi completamente o alinhamento das coisas de dentro de mim e eu acho que segui soluçando por dentro por muito tempo. Devo ter milhares de suspiros presos no meu peito. Coisas de coração quebrado.
Então quando meu coração amoleceu depois de tanto rangir e brigar, quando ele serenou nessa mania besta de ser fortão, firmão, quando meu coração ficou tão velho que foi se esquecendo, foi apagando algumas coisas e eu acho que agora, somente agora em que meu coração começa a ficar senil...eu digo que é só agora que eu aprendi mesmo a amar.
Agora é a hora.
Quando tudo meu treme e eu sei reconhecer que tremer assim é recompensa de quem viveu.
Eu vivi e viverei mais um tiquinho.

terça-feira, abril 24, 2012

Araçá-do-campo





A fruta com sabor de molecagem é o araçá do campo, me lembra as doces tardes irem embora em matizes escarlates, e parecia serem mais reais do alto de seus galhos.  Sentia o gosto suave da fruta, o sumo escorrendo pelas mãos, boca, braços, ganhando muito mais que o paladar. Eu ali naquele momento era livre.  

quinta-feira, abril 12, 2012

o Marcus é um lindo, doce e fofo. Sabe o cara de uma piada só? ele tem duas: uma famosa e outra menos famosa. Na rádio escola pedi para os alunos me ajudarem a homenagear esse grande amigo.

escute ai a piada mais famosa!!

sexta-feira, março 02, 2012



descalça no parque eu sinto a relva e o vento doce da alegria de se sentir livre. ando assim liberta de alma solta, com goste de framboesa na boca. 

quinta-feira, janeiro 26, 2012



Viajar tem um cheiro novo do orvalho da manhã, ou a cor da esmeralda diluída. O momento mais gostoso da viajem é voltar para casa. E foi assim depois de certo desencontro, nos vimos dentro de um ônibus voltando.

Naquele momento pensava nas coisas novas que o ano do dragão taria em minha vida, se conseguiria percorrer as ruas fluentes de São Gabriel, quando uma movimentação diferente para um domingo tranqüilo e ônibus completamente vazio começou a mudar. 

O silêncio deu lugar a  muitas vozes e por vezes choros de crianças, risadas, frases em alto tom, sem entender escutei de quem me acompanhava – “ é saída de alguma creche” – Como se estamos em férias letivas, se é domingo, fiquei me perguntando.
Meus olhos corriam pelas pessoas,  me chamava a atenção todas  mulheres, não passavam dos vinte anos.

Tentava pensar em outras coisas, mas meus olhos corriam de mim e convergiam sempre naquelas mulheres e seus filhos, de onde vinha essa gente toda, era essa a questão pulsava dentro.  Até que  em uma bolsa transparente mostrava sem censura uma pista para minha pergunta, as letras verdes manuscrita no papel , parecia ser uma carta, que entre batons e moedas eu tentava ler os fragmentos.
“ que o senhor jesus cristo me perdoe mãe por tantas besteiras que fiz, aqui dentro todos somos inocentes. Entendo a ( uma moeda e algumas canetas interromperam a leitura), mas eu erro e todos também. Saudade”

Ainda sem elementos para concluir de onde vinham,  me distrai para outro ponto do ônibus, mais pelo som do que pelo visual, o choro alto entre pausar de soluço me irritava ( não suporto criança chorando). O menino não tinha mais que quatro anos, os olhos vermelhos e a pele  marcada pelo esfregar de mãos para limpar as lágrimas. Entre soluços o pobre repetia “quero meu pai”. A voz do que posso pensar em ser sua mãe, falava em tom firme – “Tiago, para”.  O nome do apostolo  de jesus que deixou de ser pescador por acreditar na boa nova de vida, teimoso e determinado atravessou a península ibérica na região da Galícia, para pregar o cristianismo, efeito mesmo só teria talvez séculos depois de sua morte, onde essa região hoje abriga o caminho que fez. Penso neste menino que mesmo com confeitos dado pela mãe não cessava o choro e bradar do seu desejo de ficar junto ao pai.

Talvez essa gente tivesse saindo de uma  penitenciaria, poderia ser isso, a volta da visita a presos. Na verdade me perguntava o quanto era contrastante a minha situação perante a daquelas mulheres e senti dobrada diante daquelas pessoas, histórias, por estar feliz voltando para casa.