SAUDADE!
Me bateu, assim, do nada, no meio da noite, uma saudade estranha de você, e assim lancei meu olhar sempre perdido em direção à sua casa, kilometros de distancia da minha. Não sabia o que olhar exatamente, já que não via quase nada lá fora, estava tudo escuro e porque só olhava mesmo para dentro de mim, para checar como eu sentia, naquele momento, a saudade.
O beiral do prédio, o corredor gelando as minhas pernas, o silêncio quebrado pelo miado da gata que aos domingos fica maluca de vez. Vento? Não, não tinha vento. Era um friozinho que subia pelos meus pés somente. Não me lembro mais há quanto tempo estou aqui, em pe nesse lugar. A verdade é que acho que faz muito tempo. Mas isso não importa, porque tudo dentro de mim se dissipou como a imagem do carro prata que havia agorinha mesmo ali em baixo, devo confessar, sua motorista era das boas, o carro ia e vinha para frente e para traz. Estou perdendo o foco! Queria falar mesmo é : Só sobrou essa saudade, que surgiu agora, ao meio da noite e que eu jurava que já havia desistido de sentir.
Me lembro, o dia que optei algumas coisas que melhoraram a minha vida, fiz uma lista delas:
1- Dormir muito.
2- Não comer carne vermelha.
Nunca mais comi carne. Só verduras, legumes e frutas. Não por ideologia, mas a carne embola na minha garganta e nunca desce, e quando desce meu rim esquerdo grita e aos berros explusa a minha urina. Desisti então de comê-la.
Você me ajudou a ver que coisas mínimas assim podem deixar minha vida melhor. Tudo me lembra você, seu corpo, seu sexo. Emagreci muito. As calças que trouxe dançam agora no meu corpo. Meu rosto ficou vincado.
Olho no espelho e vejo um aspecto envelhecido ao meu rosto. Algumas vezes, mesmo com tanto frio, tenho vontade de sair com regata na rua.
Não. Estou enganada.. Era a sensação de calor. Mas era intensa e me fazia fechar os olhos para aproveitá-la melhor.
Não olho para as pessoas. Caminho de olhos postos no chão, óculos escuros, a passos largos, para que ninguém me incomode ou troque palavras comigo. Pessoas não são bem vindas. Não mais. São falsas. Cruéis. Traidoras.
E eu acho seu sorriso bonito. Aliás, acho tudo bonito em você. Suas manhas, seu jeito de segurar um copo, a forma com que rebola inocentemente. Adoro ainda mais quando você fala sobre gravuras, o brilho dos seus olhos perante os outros, perante mim. Seu brilho me cega.
Quando deixo bilhetes para você não pense que foram por acaso estes são para deixa-la feliz e matar a saudade. Um poema, emocionado, sublime. Escrito para você. Você sempre adorou poemas. Mas eu nunca soube escrever.
Você chegou sorridente em casa, os cabelos finos revoltos, cantarolando uma música antiga da Elis Regina, me encontrou perdida andando com a cabeça baixa entre as mãos, fitando o chão de tábuas largas da nossa sala.
Te mostrei em seguida o que tinha nas mãos: o bilhete.
Assim como seu sorriso. Olhares cheios de certezas e paixões entre nós. Você abaixou a cabeça, envergonhada. Mas antes li no fundo dos seus olhos seu verdadeiro amor por mim. Seu deslumbramento e encanto. Uma pergunta sobre merecer ou não minhas palavras tortas escritas em mirrados pedaços de papel.
Depois você subiu para nosso quarto lentamente, enfiou-se nua na cama e fechou os olhos.
À partir daí não me lembro muito bem da seqüência dos fatos. Lembro apenas da textura da pele de sua linda barriga minhas mãos firmes segurando seu corpo sentindo seu cabelos. Não lembro se você gostou,nem da expressão de seu rosto enquanto te amava, so me lembro do seu gemido. Lindo, calmo e tranqüilo como a musica do Chico Buarque.
Enrolei seu corpo quente em um lençol enquanto você dormia tranqüila e passei a noite inteira te olhando. De manha corri a floricultura da esquina, comprei como da primeira vez, renovando meus votos de amor, um girassol,sua flor preferida.
7 comentários:
há muito tempo não lia um texto assim... parecido um pouco comigo. você me emocionou. não sei como você me encontrou na net, mas que bom que eu te achei!
Tati, que coisa mais linda! Meus textos de alguns meses atrás eram assim, enormes, cheios de paixão, de amor, de calor. Pensa que não sabe escrever o que sente, mas isso foi maravilhoso, cada palavra, cada linha, cada coisinha dizendo o amor que tem dentro de vc! Sabe, fiquei com saudades de mim naqueles dias... eram tão bons...
Tb não como carne vermelha. No início por bobeira, depois, agora por não mais suportar... há sete anos já... o corpo agradece!
Bjos
São as pequenas coisas que nos fazem melhor, não é mesmo gatinha?
Suas palavras são lindas e não sei como agradece-las a altura.
Então me restrito a agradecer seu amor a altura, aos poquinhos, pelos dias e anos que virão e pelo meu corpo e pelo seu, pelas coisas ao nosso redor...
A.v.
Lílian, poredira ser Li? Pois bem... Li.. fiquei acanhada. Vixe, meu texto? Escrevo tão mal, mas posso lhe garantir, que amo muito. E quando estou nesse estado o texto flui... volte mais.. sempre que da eu vou visitar seu cantinho. Alias foi bom saber mais sobre a sua vida na ultima vez que estive por lá visitando seu espaço.
Carol,
seus textos eram assim? E o que aconteceu? Deixou de amar? Foi? Diga tudo! Obrigada pelos elogios tão carinhosos que afagaram meu ego neste momento. Sobre a saudade de você.. apaixone-se! E uma ordem. Não tem ninguém? Que tal por você mesma? Sobre a carne vermelha.. a vida fica tão mais leve...
Amor,
Me emociona ler suas pequenas linhas aqui. Sei o quanto foi difícil para você decidir em escrever. Fiquei orgulhosa! Sobre agradecer a altura? Amor! Eu amei e amo tudo que você faz por mim. Amo você.
Sim senhora, apaixonar-me-ei! (Olha que lindo, fiz uma mesóclise! rs)
Mas é que ainda me causa sofrimento aquele amor todo que já não mais existe...
bjos
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