segunda-feira, abril 25, 2011

tensões e visões


Estou meio abalada com os últimos acontecimentos, não é contigo. Estou triste acho que isso transparece e reflete diretamente no meu texto. Vou tentar... ser mais feliz no texto que segue.

Sexta feira, fui a São Paulo, para passar alguns dias como mamãe, enfim ela já está em casa serena.

São Paulo — Toda vez que chego a São Paulo tenho um ritual particular. Desta vez foi diferente, ir até aquela sala ampla pé direito triplo, decoração suntuosa, que por vezes intimida, fiquei quarenta-minutos-cravados á espera.

Esperando pensei em vários momentos, uns tristes, outros especiais. Esperar não é um ponto que posso me orgulhar. Os pés entrecortados hora em cima alternando com o debaixo e o tempo vagaroso demorava a passar.

Ali sozinha naquela sala a espera da saída de mamãe, percebi que a solidão não é tão ruim, que mesmo tendo um porto seguro para m apoiar, não o quis do meu lado naquele momento.

A solidão não foi tão ruim como no quarto do sírio onde passei 72 horas sozinha, com dor e radiotivamente perigosa a qualquer ser humano. As paredes eram de chumbo, e o tempo foi vagaroso.

Pensei em tantas coisas, e relaciono aqui algumas que lembro, como a heroína dos meus remotos nove anos, Joana d’Arc. Na força, e me perguntei se sair de Notre-Dame, a catedral , ponto de partida para o caminho de Santiago de Compostela me tornou o que sou hoje.

Acho que foi uma preparação.

Pessoas da família que eram pra acolher só conseguiram sr mais cruéis e desonestas. O sentimento de desorientação, senti nestes momentos de espera uma falta profunda de alguma coisa que eu não sabia o que era. Doía.. não tinha para quem falar.

Me lembrei da placa que o caio m um de seus passeio por Paris ao se sentar pode avistar:

“II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

O engraçado é não estava para entrar e sim tirar sair...

Ela serena, ao fundo do corredor cercado por plantas ornamentais , lírios entre outras, veio a meu encontro. Chegando mais próxima se pós em prantos. Me pergunteise ra d emoção....

E seja lá o que possa significar “ficar bem” dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem. Pensei que vão haver outros momentos bons e ruins.

Saindo agradeci, e de mãos dadas eu e mamãe seguimos.

Afoita pela liberdade não quis ir diretamente pra casa, que bate em uma situação dessas e vezenquando temos que nos permitir aos imprevistos da vida. O fiz. Me permiti, mesmo com uma vontade imensa de ir diretamente para casa.

Fomos a caixa cultural, lá vimos Trabalhos interessantes de Rosa Galdino que procuram mostrar em belas fotos os diferentes povos indígenas brasileiros. Claro o olhar da fotojornalista “branca”. Fiquei me perguntando quando esses povos terão voz? A rosa apóia documentários, faz oficinas um trabalho lindo lindo...



Penso com meu trabalho pode contribuir e passar a “luz” para que eles mesmos escrevam suas imagens.

No mesmo espaço tinha uma intervenção urbana do Tom Lisboa, Mirando(a) são um bom exemplo destes deslocamentos: imagens de pássaros foram “capturadas” da internet, emolduradas, penduradas em árvores de verdade e refotografadas, criando um curioso contraste entre o que seria real e representação.



Vimos também a obra da Tatiana Blass, onde questiona-se a morte ou a brevidade da vida um apanhado da produção da artista nos últimos cinco anos.


Em comum, os trabalhos pensam as condições da experiência estética, no sentido “forte” de produção de conhecimento, ao negar a possibilidade de consumação do espetáculo e frustrar a expectativa por resultados “eficazes” e instantâneos na relação do sujeito com o trabalho de arte.

Não sei bem se é isso, mas eu achei...


Voltamos pra casa. Animadas.

4 comentários:

Eugênio Bocchese Mendes disse...

Fiquei emocionado ao ler seu relato, nunca estive numa situação destas(radio), não objetivamente, mas senti empatia por ter vivido tb, em metáforas, ao longo da minha adolescência com efeitos colaterais até hoje. Espero que a sensação de que algo sempre falta tenha um significado de inquietude construtiva, que a angústia seja apenas claustrofóbica, como um medo de que a vida não se expanda mais... estamos sempre em expansão e levando junto nossos atributos.
Obrigado pela oportunidade de ler suas palavras!

Maricota disse...

Voltaste a escrever? Bom e conturbado com muitos momentos e pensamentos, tristes, bonitos, reflexivos...fico feliz em ler.

quem é Tati ? disse...

Eugênio, quem agradece sou eu em poder partilhar..
fiquei feliz e surpresa pelo comentário, tens se tornado um amigo presente de horas tão importantes, oras tristes, ora felizes.... obrigado pelo alô! é bom sabr qu alguém lê

quem é Tati ? disse...

Maricota... Escrever tem sido necessário, que bom que estas de olho..