jabuticabeiras

"Atrás do grupo-escolar ficam as jabuticabeiras.
Estudar, a gente estuda. Mas depois,
ei pessoal: furtar jabuticaba.
Jabuticaba chupa-se no pé.
O furto exaure-se no ato de furtar
Consciência mais leve do que asa
ao descer,
volto de mãos vazias para casa."

Menino Antigo, Carlos Drummond de Andrade

Vou tentar, jabuticaba é bem difícil, pelo fato do Carlos Drummond ter dito tudo, aquela ingenuidade de criança, tão suave como o sabor. Mas eu tento ok?

A planta brasileiríssima, onde seu fruto nasce, depois de anos de maturação, com o aparecimento das flores pequenas, brancas e bem vistosas, que surgem diretamente nos troncos.

Prendado, o fruto, é utilizado para vários fins, tanto culinários, como medicinais. Entre estes é mencionada a casca, como remédio para a asma.

Penso na cor da jabuticaba, Roxa? Azulada? Planta espertinha e atrativa no universo do reino vegetal, onde

esse tingimento serve para atrair os pássaros, estratégia para espalhar as sementes e garantir a perpetuação da espécie. Cá entre nós, jabuticaba tem cor de... jabuticaba. Mas o que tingiria a sua casca? enormes porções de antocianinas foi a resposta, mas o que é isso minha gente? são aquelas substâncias que, sim, são pigmentos presentes nas uvas escuras e, conseqüentemente, no vinho tinto, apontados como grandes benfeitores das artérias, e também fazedor da respiração. Pensar que da fruta tão negra e pequena pode se curar o mal de respirar.

Ela chega de mansinho no final do inverno, inicio da primavera, gostoso mesmo é a sensação que nos remete a infância, como dizia Carlos Drummond de Andrade, "jabuticaba se chupa no pé".

Quem nunca provou um "beijo de jabuticaba" roubado do pé carregadinho, que se apresse, pois a safra, mesmo abundante, dura pouco.

Do suco, aparecem saídas da alquimia, onde misturar a jabuticaba com o abacaxi resulta numa bebida azulada, se colocar gotas de limão deixam o suco avermelhado.

É na polpa branca a gente encontra ferro, fósforo, vitamina C e boas doses de niacina, uma vitamina do complexo B que facilita a digestão e ainda nos ajuda a eliminar toxinas.

Seu sabor doce gradual e suave, na membrana envolta em pouquíssimas sementes, seu gosto final é aparentemente azedo, convite a outra abocanhada, em outra e mais outra, meio sem fim.... clico interminável que só acaba com a saciedade de quem come.